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  • As condi es desta reinser o seriam consolidadas a partir

    2019-05-13

    As condições desta “reinserção” seriam consolidadas order T-5224 partir do chamado “autogolpe”, quando Fujimori fechou o congresso e interveio no poder judicial em abril de 1992, decretando à moda argentina um “Gobierno de emergencia y reconstrucción nacional”. Em uma perversão da democracia, o presidente escudou‐se no descrédito da política institucional, aguçada pelo fracasso dos governos de Acción Popular (Belaúnde) e do apra (García), além do esfacelamento de iu, para reivindicar apoio popular à medida. Ao mesmo tempo este regime, em que o poder executivo chegou a centralizar 75% do orçamento nacional, implementou uma extensiva rede clientelista lubrificada por um programa de alívio à pobreza apoiado pelo fmi e o Banco Mundial, foncodes. Esta combinação entre práticas ditatoriais, apoio popular e políticas neoliberais levou analistas à delirante proposição de que tratava‐se de um regime “neopopulista”, categoria adequadamente desconstruída por Vilas. Apesar de algum esforço em manter as aparências, o esteio político fundamental do regime não foram as eleições, que fraudou compulsivamente, mas o exército. No dia do “autogolpe” tanques circularam pelas cidades, órgãos da imprensa foram ocupados e líderes da oposição foram presos. A imprensa foi submetida a uma combinação de cooptação e coerção, que garantiu seu alinhamento ao regime (livre). Mas o que deu lastro social ao fujimorismo foi a estabilização da economia, apesar do seu alto custo social, e principalmente, o fim do conflito armado. Uma análise ponderada dos fatos mostra que a derrota de Sendero Luminoso deve ser atribuída a processos desencadeados em larga medida à revelia deste governo. A decisão de passar de uma política reativa a uma política planejada, investindo no trabalho de inteligência e em políticas de colaboração com o campesinato em lugar do extermínio indiscriminado, são decisões que antecederam as eleições, assim como os reveses senderistas no campo, que precipitaram a investida em Lima. Na cidade, a escalada de atentados aguçou a repulsa a esta organização, inclusive entre a desmosome esquerda. A estratégia senderista neste momento era aprofundar o caos, na expectativa de provocar uma intervenção estadunidense que criasse um cenário análogo à China do entreguerras, em que nacionalismo e comunismo convergiriam na resistência ao invasor. Guzmán declarou que o assassinato de Maria Elena Moyano em fevereiro de 1991 se inscrevia nesta perspectiva, que naquele momento, não era alucinada: no começo de 1992 o subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos, Bernard W. Aronson, preveniu os líderes do congresso deste país de que era preciso se preparar para evitar que SL chegasse ao poder, desencadeando o “terceiro genocídio” do século xx. Mas poucos meses depois, Abimael Guzmán foi preso em seu esconderijo em Lima e a organização senderista rapidamente degringolou, sintoma do alto grau de centralização política que a caracterizava. Este processo foi acelerado pela capitulação do próprio líder, que em contradição com a retórica anterior, buscou um acordo de paz com Fujimori anunciando o ingresso em uma nova etapa do processo político. o mrta, organização de impacto social comparativamente reduzido, foi literalmente liquidado em uma ação armada assessorada pela cia em 1996 quebrando um sequestro na casa do embaixador japonês, quando os guerrilheiros foram executados apesar de rendidos. O criterioso trabalho feito pela Comissão da Verdade e Reconciliação, constituída logo após a queda de Fujimori, concluiu que 69 280 pessoas morreram ou desapareceram como consequência do conflito, das quais 53.68% foram vítimas de Sendero. Esta é uma proporção extraordinária, quando lembramos que em nenhum conflito no continente a insurgência provocou mais do que 5% das mortes. Calcula‐se que 3/4 das vítimas eram camponeses das regiões mais pobres do país que falavam quéchua, 40% delas residentes em Ayacucho. Entre as vítimas, pereceram 1503 autoridades políticas (entre prefeitos, governadores, juízes, lideranças locais), 2 267 dirigentes camponeses e 1 674 “miembros de las fuerzas del ordem”.